Artesanato entreVISTAS: Fábio Silva e Dorotéa Naddeo

Artesanato entreVISTAS com Fábio Silva e Dorotéa Naddeo

AUTORIA: Ari Rodrigues

Luz, câmera, ação! A sequência de comandos marcante em produções audiovisuais, como filmes, séries, novelas, comerciais e demais conteúdos de multimídia, se tornou, de certa maneira, presente na Rede Artesanato Brasil. A inauguração do canal do YouTube com o quadro “Artesanato entreVISTAS”, comandado por Luiz Henrique Freitas, simboliza uma alternativa audiovisual para expandir o alcance do projeto.

Assim, a partir da apresentação das ações em andamento e dos resultados atingidos pelas vozes dos membros-chave do projeto, consolida-se a presença da iniciativa na internet, em soma às outras plataformas já estabelecidas.

A frequência de conversas será semanal, sempre às sexta-feiras. Estruturadas no levantamento geral de questões relevantes para a compreensão do projeto e sua importância neste momento e a longo prazo, com o detalhamento de quais são os propósitos visados. Paralelamente, haverá o acompanhamento on-line com a possibilidade de interação do público fazendo perguntas aos convidados.

Portanto, esta nova etapa de comunicação traz a missão de alicerçar a marca do Projeto do Diagnóstico e da Rede Artesanato Brasil, tornando a metodologia ainda mais participativa, haja vista que será possível conhecer um pouco mais quem está orquestrando esta iniciativa.

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Os primeiros entrevistados do Artesanato entreVISTAS

A estreia do quadro “Artesanato entreVISTAS” foi realizada no dia 26 de novembro, às 19h, e contou com a presença de Fábio Silva, Coordenador Geral de Empreendedorismo e Artesanato no Ministério da Economia e gestor do Programa do Artesanato Brasileiro, e Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddeo, Co-coordenadora Geral do Projeto. O foco foi a resolução de dúvidas universais sobre a iniciativa.

Fábio Silva

Fábio Silva - PAB

Responsável pela formulação de políticas públicas para microempreendedores individuais e artesãos. Gestor do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e do Programa do Microempreendedor Individual. Graduado em Administração de Empresas pela FAESA, pós-graduado em Comércio Exterior (UCB) e em Micro e Pequenas Empresas (UFLA).

 

Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddeo

Foto de Maria Dorotéa NaddeoPós-graduada em gestão de cooperativas, educação ambiental e metodologia do ensino superior, com graduação em Pedagogia pela UEMG (1985), com ênfase em Administração. Possui experiência de mais de 20 anos na construção de políticas públicas, na elaboração, gestão e monitoramento de planos e programas de desenvolvimento do artesanato. Atuou no SEBRAE-MG e no Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Atualmente, é consultora e diretora técnica da empresa Canela de Ema Ltda e Co-Coordenadora Geral do projeto.

O que é o projeto

A conversa teve início com a fala de Fábio Silva sobre o que é de fato o projeto. Segundo ele, trata-se de uma iniciativa que irá subverter a formulação de políticas públicas do artesanato brasileiro. Ele reiterou que o objetivo é tornar o artesanato mais competitivo e forte no mercado nacional e inserido também no mercado internacional, sobretudo após a conclusão de uma parceria com a multinacional Amazon

Além disso, Fábio enfatizou que a proposta é inédita devido à magnitude do estudo — nunca realizado profundamente em escala nacional — e conta com a execução pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio da Pró-Reitoria de Extensão. Como as atividades estão ocorrendo em ambiente digital, a participação de artesãos e artesãs oriundos de diversos locais do país foi viabilizada, mesmo com as limitações deste meio.

Em seguida, Dorotéa Naddeo destacou o papel da UFMG na execução das atividades do projeto. Segundo ela, ao receber a proposta, a Pró-Reitoria de Extensão avaliou a iniciativa como muito relevante, por se tratar de um projeto de extensão com foco em pesquisa e abarcar diversos atores, para além de professores e estudantes universitários. 

Pandemia da Covid-19

A eclosão da pandemia da Covid-19 representou uma alteração significativa na rotina de bilhões de pessoas ao redor do planeta, e não foi diferente com o setor artesanal. O próprio Projeto “Estruturação do Sistema de Gestão do Artesanato Brasileiro: Diagnóstico e Planejamento Estratégico” teve sua espinha dorsal alterada. Conforme Dorotéa, durante os primeiros acertos sobre o diagnóstico, iniciados em 2020, não havia pandemia. Porém, durante a redação da proposta, houve interferência da crise sanitária e a ideia inicial de atuação em campo precisou ser adaptada para o meio remoto. 

Desse modo, foram traçadas duas estratégias para minimizar as limitações do novo contexto: a formação de uma rede para identificar os atores e o desenvolvimento de uma plataforma web para o contato com eles. Como a iniciativa teria atuação nas 27 Unidades da Federação, foi imprescindível centrar-se na valorização e no respeito dos conhecimentos de cada localidade. Esta vertente tornou-se viável com a colaboração de outras instituições de ensino superior nas quais professores já realizavam pesquisas envolvendo múltiplos aspectos do artesanato nacional. Atualmente, cerca de oitenta bolsistas de várias regiões colaboram com o desenvolvimento do diagnóstico, de mais oito universidades, além da UFMG.

Por outro lado, para Fábio Silva, os distúrbios provocados pela pandemia foram convertidos em uma oportunidade para o surgimento da Rede Artesanato Brasil, pois, apesar do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) atuar no setor desde 1991, o país carecia de uma análise aprofundada da atividade em âmbito nacional para ser possível maior assertividade na condução de políticas públicas. Em sua fala, pontuou que, em função da pandemia, segundo levantamento do SEBRAE, o artesanato teve perda considerável de faturamento, pois as vendas do setor são majoritariamente diretas — através de feiras presenciais e contatos com conhecidos.

O Coordenador Geral de Empreendedorismo e Artesanato destacou, ainda, que o auxílio emergencial foi imprescindível para o sustento dos artesãos, em conjunto com programas de apoio realizados pelos estados. Em contrapartida, o setor foi um dos que mais esteve conectado às vendas on-line, o que representa uma revolução no modelo de negócio. Segundo ele, o PAB conseguiu parcerias com o Mercado Livre e a Amazon. No primeiro caso, os artesãos cadastrados no Sistema de Informação do Artesanato Brasileiro (SICAB) têm um espaço exclusivo no marketplace para as vendas. Para a Amazon, também firmou-se a criação de uma loja para o artesanato. São alternativas significativas de vendas para o setor e devem permanecer mesmo após a retomada plena de feiras presenciais.

Marco Jurídico do Artesanato Brasileiro

Sobre o marco jurídico do artesanato brasileiro, Fábio pontuou ser necessário reposicionar a marca do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), que precisa ser difundido para mais pessoas conhecerem. Em seguida, frisou a importância dos artesãos conhecerem as questões normativas — Lei nº 13.180/2015 e Portaria 1.007/2018 — para se apropriarem das políticas públicas. Estes documentos norteiam o trabalho de todos e devem ser explorados para que haja contribuições de aprimoramento. Por fim, ao mencionar palestras ao longo do país, Fábio Silva ratifica o princípio “dialogar para crescer”, de modo a aproximar-se do setor. 

A Base Conceitual do Artesanato define os conceitos de artesão, mestre e artista popular; determina o que é considerado artesanato, classificando-o conforme a origem e a finalidade; dispõe sobre a Carteira Nacional do Artesão e, nos anexos, enumera o rol de categorias, de acordo com a matéria-prima utilizada, e o rol de técnicas artesanais. A lei nº 13.180 dispõe sobre a profissão de artesão e dá outras providências.

Feiras Nacionais

Conforme Fábio Silva, o PAB viabiliza a participação dos artesãos portadores da carteira do SICAB em três ou quatro feiras nacionais. Neste anoo PAB esteve presente nas feiras realizadas em Brasília (27 a 31 de outubro), Belo Horizonte (7 de dezembro) e Olinda (10 de dezembro). Nos anos anteriores, também esteve em São Paulo. O evento sediado na capital federal obteve os melhores resultados de vendas de todas as suas edições, conforme declaração de Fábio Silva, o que significa uma esperança para os artesãos em comparação ao ano passado, quando as feiras presenciais foram raras. Além dos excepcionais resultados financeiros, o 14º Salão do Artesanato – Raízes Brasileiras possibilitou a construção de uma rede de contato entre os artesãos.

Dúvidas dos espectadores

Um ouvinte da entrevista perguntou: como o PAB prevê a retomada de ações mais efetivas, seja pela inclusão digital, mas, principalmente, de ações efetivas presenciais com capacitações e ações na realidade do artesão e artesã?

Fábio salientou que a capacitação é fundamental para trabalhar as dimensões técnica e gerencial (gestão do negócio, vendas, precificação, gasto de produção) do processo. Através de uma parceria com o SEBRAE, foi lançada a Trilha Artesão Empreendedor, com várias iniciativas de formação. Segundo ele, os estados também têm iniciativas de capacitação. Na feira de Brasília, foi lançado o “Aprendendo a Exportar o Artesanato”, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba.

Dorotéa enfatizou a oferta do curso de extensão, compondo as atividades do projeto, denominado Políticas Públicas e Desenvolvimento do Artesanato, e realizado em agosto e setembro deste ano, com carga horária de 60h, divididas em 10 módulos e direcionado para gestores do SEBRAE, do PAB e representantes dos artesãos. As aulas serão disponibilizadas em breve na plataforma web do projeto. Pautado em diversas áreas, a formação abordou o que é política pública, as finalidades do diagnóstico, como será feito e aplicado. 

Além disso, o segundo curso “Comunicação para Mobilização Social”, complementar ao primeiro em relação ao diagnóstico, está começando agora em dezembro, com cerca de 80 inscritos. Composto por 3 módulos assíncronos, totalizando 18 horas, o curso ainda apresentará uma metodologia enraizada na formação processual, método em que o aluno poderá aplicar os conhecimentos adquiridos, e em atividades tutoradas, acompanhamento direto e participação de um grupo de Whatsapp para sanar dúvidas com coordenadores e tutores especializados. 

O segundo questionamento compreendeu qual é o objetivo do diagnóstico e como o projeto pretende atingir os artesãos.

Dorotéa Naddeo frisou que, como o Brasil tem dimensões continentais, objetiva-se estabelecer diálogo com o maior número de pessoas e atingir os municípios, pois muitos já possuem políticas públicas implementadas. Em adição, é fundamental o diálogo com instituições de representação nacionais, confederações, PAB nacional e organizações do terceiro setor, para haver o levantamento da estruturação das políticas públicas e diálogo na ponta durante a pandemia.

No final de sua fala, a Co-coordenadora Geral convidou todos os artesãos, com ou sem carteira do Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), a se cadastrarem na plataforma visando a  ampliação do universo de pesquisa do diagnóstico, que tem a proposta de ser permanente, fornecendo subsídios atualizados que proporcionem o aperfeiçoamento constante das políticas públicas vigentes.

Assista à entrevista na íntegra:

Artesanato entreVISTAS - Estreia

As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e de inteira responsabilidade do autor, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Ministério da Economia e do Programa do Artesanato Brasileiro.

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