O tema de articulações políticas em rede está presente em pautas de movimentos sociais, da sociedade civil e de identidade. A sociedade civil está relacionada à esfera da cidadania e suas lutas são em torno de valores e interesses públicos, em defesa de políticas públicas e sociais, através de protestos, pressões políticas e manifestações.
Suas ações coletivas são realizadas por diferentes camadas e classes sociais, de modo a formar um campo político dentro da sociedade civil, através de pautas como disputas, conflitos e litígios. Essa ação é coletiva na medida em que é compartilhada uma identidade entre os envolvidos, com interesses e valores em comum que moldam o movimento e inspiram força entre si.
É possível observar esses conceitos dentro do movimento do artesanato, que se articula em prol de uma causa que faz parte da vida dos artesãos, levando-os a questionar seus problemas, seus pontos de convergência, soluções almejadas e diferenças que se somam à diversidade do coletivo. Também é necessário buscar as interseccionalidades dentro das demandas do movimento, já que artesãos de diferentes regiões ou grupos sociais terão necessidades diferentes uns dos outros.
Através das articulações políticas em rede são buscadas soluções para os problemas a serem resolvidos, analisando as experiências daqueles envolvidos na situação para entendê-la melhor e criar estratégias baseadas nisso. Além disso, é necessário haver organizações e mobilizações para causar pressão política, buscando apoio ao movimento social e usando da articulação política para isso.
A rede é feita com várias instâncias e conexões, de forma que o poder não é concentrado em uma entidade principal, central a todas as outras, mas sim reforçado entre todas as associações e órgãos que a compõe, com uma parte fortalecendo a outra e ajudando na elaboração de planos e tomada de decisões. Os recursos são regulados por todos de modo a se apoiarem e caminharem juntos.
A metodologia apresentada nesse módulo é composta por:
- Controle Social;
- Mobilização;
- Capacitação;
- Construção;
- Comunicação;
- Intercâmbios.
Movimentos Sociais em rede
“Segundo Gohn (1995) pode-se denominar movimentos sociais como ações
de formas coletivas de caráter sociopolítico, construídos por atores sociais de
diferentes camadas e classes sociais. Estes atores politizam suas demandas,
criando assim um campo político de força meramente social na sociedade civil.” (Cotta, Pereira, Fonseca; 2014, p. 190)
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Aqueles que se reúnem através de um movimento social se veem representados pelas mesmas causas e buscando o mesmo fim de transformação social, se opondo aos mesmos adversários sistêmicos ou políticos. Esses membros da sociedade se organizam através de alguns níveis de rede:
- Associativismo local e comunitário;
- Articulação interorganizacional (onde se destacam associações nacionais de ONGs, os fóruns da sociedade civil e as redes);
- Mobilizações na esfera pública.
As ações das duas primeiras se fortaleceram com o uso da internet, que possibilitou mais encontros dos componentes das redes e uma facilitação em sua comunicação, além da ampliação do seu alcance, conseguindo atingir um público maior.
Já as “mobilizações na esfera pública” se apresentam através de grandes manifestações em lugares públicos com a presença de vários participantes e simpatizantes, buscando exercer a pressão política necessária e conseguir visibilidade através das mídias e efeitos simbólicos.
Através das articulações de alguns grupos com outros, estes usam da mediação entre os movimentos localizados e o Estado, mas também de sua própria autonomia para construir redes de movimentação capazes tanto de participar da elaboração de políticas públicas, quanto de se posicionar contra ações que não se alinhem com o interesse geral.
Globalização
As redes, sendo compostas de muitas realidades diferentes que se aliam em uma identidade e um objetivo semelhante, se expandem com a globalização e chegam a romper fronteiras geográficas. Muitas vezes, em países diferentes, as lutas se encontram, sendo possível uma união dentro da rede que busque ampliar as vozes de ambas as partes. Dentro da América Latina, por exemplo, as populações passam por situações semelhantes, de modo que, ao se juntarem, suas demandas são mais ouvidas e suas articulações políticas chegam a mais lugares.
Essas demandas globais se dividem em vários eixos de direitos a serem conquistados. São eles:
- Direitos civis;
- Direitos políticos;
- Direitos à diferença;
- Direitos ecológicos/localismo;
- Direitos socioeconômicos.
Em conclusão, as articulações em rede buscam unir os sujeitos em prol de uma mesma causa e em busca de um mesmo resultado, através de suas semelhanças e também de suas diferenças que acrescentam mais diversidade ao movimento. Essas redes se organizam de forma coletiva, com certos graus de poder, mas de modo que todos os componentes dela dependem entre si. Existem alguns elos mais fortes, de lideranças, mediadores, entre outros, que detêm mais poder, mas são sempre equilibrados pelos outros, criando relações de reciprocidade, solidariedade e compartilhamento.
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Referências:
COTTA, Camylla et all. Redes de movimentos sociais: a atuação em rede do movimento feminista na América Latina. In: Revista Tecnologia e Sociedade, Curitiba, n. 20, jul./dez. 2014.
SCHERER-WARREN, Ilse. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. In: Sociedade e Estado, Brasília, v. 21, n.1, p. 109-130, jan./abr. 2006.
